quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Johnny vai à guerra


Gostaria que a tradução do livro tivesse acompanhado o tempo verbal do título original (John got his gun), título também de uma canção, que minha amiga Luciene cantou, quando lhe mostrei o livro (eu não conhecia a música).

Não vi o filme, mas, desde que ouvi falar, fiquei hiper-curiosa, pelo filme e pelo livro. E isso faz muito, muito tempo... Por isso, quando vi o exemplar nas Lojas Americanas por R$9,90, não hesitei e comprei.


Johnny foi à guerra (minha revisão poética) é impactante. A forma como o autor  escreve, absolutamente sem vírgulas, dá uma certa falta de ar na leitura, bem providencial, porque as falas se parecem afogueadas (foi o melhor adjetivo que achei para juntar "afogamento" com pressa e ao mesmo tempo sem lugar para chegar), e a gente precisa fazer um certo esforço para juntar as pausas do texto. Faz pensar no esforço do próprio Johnny, muito aquém do nosso, diga-se de passagem. A difícil tarefa de se comunicar uma vez que, aos poucos, vai percebendo que, na guerra, perdeu a audição, os braços, as pernas, a visão, o nariz, a boca! Só lhe restou o cérebro... O livro é muito bem construído, as memórias de Johnny refluem de uma maneira emocionante. Ele, por exemplo, não diz "nunca mais abraçarei", mas a gente sente isso quando lê a parte em que ele descobre que não tem mais braços. E assim, sucedem as perdas em apenas um resto de corpo com alma.



Duro foi conciliar os antitéticos otimismo e pessimismo presentes no livro. O livro se divide em duas partes, a primeira "Morrer" e a segunda "Viver". Foi considerado um libelo contra as guerras, a 1a. Grande Guerra, a 2a., e finalmente, a dos Eua contra o Vietnã. Mas, acima de tudo isso, é uma adaptação tenebrosa às circunstâncias aliada a uma insuportável vontade de viver. É impactante e excelente.